Nesse site você vai encontrar conceitos básicos sobre redes autonômas com enfoque em tecnologias feministas.
Esse conteúdo tem como objetivo ajudar a fomentar redes autônomas feministas e incentivar
o pensamento crítico (e livre) sobre a tecnopolítica e suas transversalidades.
Redes
Talvez a imagem da internet seja a primeira coisa que passa pela na nossa cabeça quando falamos em redes. Isso acontece porque é o tipo de conexão de rede mais comum que existe e aquela mais usada, mas é importante saber que na verdade a rede não é necessariamente a internet. Ela pode ser uma malha local que não está ligada em todos os sites e serviços do mundo, mas somente em sites e serviços locais.
Pela definição, a rede (de infraestrutura digital) é uma malha de pontos que se conectam para possibilitar uma comunicação e troca de arquivos em uma determinada área, ou seja ela não precisa ser conectada a todos os pontos do mundo para ser uma rede. Rede não é apenas a internet, rede também é local!
Mas porque seria bom ter uma rede local?
Para responder essa pergunta é necessário entender um pouco mais como funciona uma rede ampla como a internet:
Quando acessamos a internet usamos uma série de cabos e equipamentos que estão em diversas partes do mundo, isso quer dizer que se você vai falar com outra pessoa no Whatsapp, por exemplo, a tua mensagem irá viajar continentes e passar por muitos equipamentos de empresas e governos antes de chegar no destino final.
A internet que achamos que é assim:
Na verdade é assim:
Por isso é muito necessário ter redes locais que encurtem esse caminho e ofereçam maior autonomia às nossas conexões.
Autônomas
Chamamos de tecnologia autônoma aquela que não depende de serviços propriétarios e do mercado para ser implementada e se sustentar. A autonomia permite o maior conhecimento sobre a tecnologia que estará sendo implementada e a melhor adaptação ao contexto para onde está sendo proposta.
Podemos pensar em redes autônomas (ou redes livres) como a infraestrutura alternativa construída por pessoas. Na lógica tradicional do mercado, para se comunicar digitalmente uma pessoa dependemos de várias empresas. Seja a operadora do celular, a empresa que leva a internet para dentro da sua casa (empresa de telecomunicação) ou um profissional qualificado (quase sempre um homem terceirizado) para instalar os equipamentos e deixar tudo funcionando.
Esse trabalho de instalação é vendido como sendo algo muito técnico e difícil, mas não é!
As redes autônomas quebram essa lógica e permitem que você instale e mantenha uma rede própria, entendendo processos e custos de forma justa e se conectando com vizinhos e amigos para criar essa malha em um processo colaborativo.
Feministas
Uma das definições de tecnologia feminista é a aplicação de conhecimentos da ciência para apoiar a causa feminista, sendo que esses conhecimentos são desenvolvidos e mantidos por mulheres que desafiam o status do sistema patriarcal normativo, propondo novas formas de politizar o debate sobre tecnologia e seus usos.
A Rede Autônoma Feminista é uma tecnologia política, constituída através da autonomia da mulher e considera princípios como:
É uma rede que tem como objetivo potencializar a comunidade, respeitando a privacidade, consentimento e intimidade de cada integrante. É uma rede que pretende co-criar seus protocolos e gerenciamento de autonomia. É uma rede que respeita e resgata a memória de suas comunidades e de suas mulheres. É uma rede que não depende só dos seus pontos de conexão, mas que também planta sementes para garantir que suas histórias sejam continuadas e retro-alimentadas.
Atualmente nos conectamos pela internet, que é uma rede controlada, hegemônica, vigiada e capitalista. Uma Rede Autônoma Feminista é uma rede livre da vigilância, do controle, do comércio, da centralização, do patriarcado e do machismo, ou seja, é uma rede essencial para a resistência feminista.
A rede autônoma feminista pode se conectar a internet, se houver a necessidade, mas isso será uma opção e não um padrão já estabelecido.